Unidigrazz
muita koiza por pouca koiza (2024)
A produção artística dos Unidigrazz é ancorada na ideia de coletivo, enquanto forma de criação e identidade. A Participação está presente em todo o corpo de trabalho dos artistas: no processo que se faz em coletivo, e que apesar da existência de um núcleo opera em harmónio, privilegiando intercepções que contribuem para os discursos centrados em narrativas que enaltecem a criação e identidade das periferias de Lisboa, em concreto da Linha de Sintra.
“Muita koiza por pouca koiza” enaltece as tensões e os desafios da criação coletiva, recorrendo a uma estrutura visual que, através de uma luta coreografada, firma os desafios de criar em conjunto e garantir que a voz e contributo pessoal se plasmam na obra criada.
Esta peça, que tem como tema a própria criação artística, mostra corpos que se esforçam para ter a oportunidade de chegar à criação, uma metáfora para os sistemas de criar em coletivo que podem conter uma ligação, também, às estruturas organizacionais de outros planos da sociedade.
Após a luta para chegar à oportunidade de criar, surge a obra: emerge de um luxuoso fundo vermelho uma cadeira de aspeto pomposo, que remete para um contexto palaciano mas, num segundo olhar, revela o padrão do estofo que antagoniza com a forma: o das cadeiras dos comboios da CP.
O coletivo Unidigrazz surgiu em 2017 na zona de Mem Martins, na Linha de Sintra, no contexto de um movimento cultural urbano que tem vindo a ganhar seguidores à medida que conquista o reconhecimento merecido. Agrega vários artistas multidisciplinares: músicos, fotógrafos, ilustradores, realizadores e writers de graffiti. Moldada pelas suas experiências de vida em grupo e armanda com identidades e visões marcantes, a arte apresentada pelo coletivo lança um olhar sobre o tecido social que habita nas periferias de Lisboa, em cidades onde as desigualdades prevalecem em cada esquina. O coletivo inclui, entre outros, os membros Diogo "Gazella" Carvalho, Onun Trigueiros, Rappepa bedju tempu, Sepher AWK e Tristany.